sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

PÁGINAS RESGATADAS DO ORKUT SOBRE DEPRESSÃO NO CALOR

DEPRESSÃO DE VERÃO

http://lifestyle.sapo.pt/saude/saude-e-medicina/artigos/depressao-de-verao

domingo, 13 de março de 2016

Gestos e postura ajudam a detectar e avaliar depressão

http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2016/03/1749401-gestos-e-postura-ajudam-a-detectar-e-avaliar-depressao.shtml 

 





Você entra no consultório. Senta. Um pouco de conversa e de observação e o profissional já sabe: é depressão. Psicólogos e psiquiatras frequentemente se valem de uma certa intuição baseada em sua experiência –também conhecida como "olho clínico"– para bater o martelo sobre o diagnóstico de seus pacientes.
"De frente com o paciente, percebendo a forma como ele olha pra você, é possível ter uma intuição diagnóstica. Há um retardamento, os movimentos são lentos e custosos e geralmente refletem bem o que a pessoa está sentindo", afirma o psiquiatra e professor titular da USP Wagner Gattaz. "Mas, muitas vezes a gente se engana também."
O que faltava era, basicamente, um corpo mais científico ao tal do "olhar clínico". E é aí que a psicóloga e pesquisadora Juliana Fiquer, também da USP, resolveu atuar, criando um registro dos comportamentos que ajudam a dizer se a pessoa tem depressão e se o tratamento funcionou.
Em seu doutorado, Juliana entrevistou e filmou pacientes (eram 40 no total) com quadro grave de depressão (e que estavam passando por um tratamento experimental de estimulação elétrica transcraniana). Os comportamentos foram analisados e quantificados por pesquisadores independentes que não sabiam do estado clínico dos pacientes.
A tática para dessensibilizar o paciente, ou seja, minimizar o peso de ele estar sendo filmado, consistia em deixar a câmera gravando desde antes da entrevista, enquanto alguns formulários eram respondidos.
Para os resultados serem de boa qualidade (ou seja, reprodutíveis), era importante também que os pacientes não soubessem precisamente qual seria a finalidade da gravação –registrar suas expressões facial e corporal. Por outro lado, a maioria deles –provavelmente por causa da depressão–, nem perguntava a respeito das filmagens, relata Juliana.
EXPRESSÕES
Entre os principais achados está que a intensidade (maior ou menor) de alguns comportamentos está diretamente associada à gravidade do quadro de depressão.
Um bom exemplo disso é a gesticulação ilustrativa -usada quando se quer "mostrar coisas" com as mãos. Na depressão esses movimentos tendem a sumir. O gesto "contrário", repetitivo e sem um objetivo óbvio (como manusear as próprias mãos) se tornam mais frequentes.
Alguns sinais também se mostraram bons indicadores de que o tratamento surtia efeito. Alguns exemplos: o choro diminuiu, o contato ocular aumentou e as testas se tornaram menos franzidas.
Mas nem sempre a resposta é fácil: pode haver sinais aparentemente contraditórios, como sorrisos e falas misturados com gesticulações sem sentido, como na esquizofrenia, de acordo com Gattaz. O quadro em que os gestos não condizem com a fala é chamado de paramimia. No caso do mal de Parkinson, por exemplo, há uma amimia, ou seja, perda dos movimentos.
Segundo Gattaz, que já viveu na Alemanha, sinais não verbais são mais difíceis de se perceber naquele povo em comparação aos latinos. "De repente a língua mais rica diminui a importância da mímica", filosofa.
Não é exatamente isso que a pesquisa de Juliana indica. Parte de seus resultados foi publicada na revista especializada "Journal of Affective Disorders". Em outra fase de sua pesquisa, ainda inédita, houve uma colaboração com holandeses na qual foi realizada uma avaliação parecida e com resultados na mesma direção -a avaliação não verbal, portanto, não é algo que valeria somente para um país ou etnia em particular. "Na verdade, os primeiros estudos dessa área foram feitos nos EUA e em alguns países da Europa", afirma a psicóloga.
A ideia de usar a comunicação não verbal não é substituir o médico ou psicólogo: nem o relato verbal. "É uma ferramenta para saber mais sobre o paciente. Não é tratamento", diz a pesquisadora. "Às vezes há gestos que não batem com o relato. E podemos atuar em cima disso."
Ao saber, por exemplo, para quais comportamentos o psiquiatra ou psicólogo deve prestar mais atenção, "pode-se levar coisas que não estão tão claras para o território do pensamento e da consciência e trazer aquilo para o verbal", conclui ela.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

PABLO VILLAÇA escreve sobre depressão.


A depressão se manifesta de diversas formas: a sensação profunda de tristeza, desânimo e desesperança é, talvez, a mais comum, mas não a única delas. Inimiga sorrateira e hábil em desenvolver novas estratégias quando encontra um de seus caminhos impedido, a depressão é um camaleão cujos disfarces são as diferentes maneiras que adota para destruir suas vítimas.
Ao longo dos anos, escrevi diversas vezes sobre minhas experiências com a doença. Nos últimos meses, porém, o assunto sumiu de meus textos por um motivo óbvio: depois de encontrar uma nova (e excelente) psiquiatra e dar início a um tratamento com novos medicamentos, experimentei uma melhora considerável.
(Sim, já passei por períodos de remissão que invariavelmente acabaram sendo frustrados pelo retorno dos sintomas e, portanto, sempre encaro as melhoras com um otimismo cauteloso. Desde que escrevi este texto -https://www.facebook.com/pablovillaca01/posts/693529250752304 -, no qual comentava um novo tratamento bem sucedido, sofri uma piora significativa e voltei a buscar uma nova médica.)
No entanto, são cinco da manhã e aqui estou novamente escrevendo sobre minha velha adversária.
Parte de mim, confesso, admira a perseverança deste mal e sua inteligência (se é que posso atribuir racionalidade a um desequilíbrio químico): embora a tristeza característica não tenha retornado, nas últimas semanas venho percebendo um novo tipo de manifestação que vem se tornando mais intensa.
Pensamentos fatalistas recorrentes.
"E se algo terrível acontecer com as crianças?"; "Como será que morrerei? Está próximo?"; "Tenho trocado palavras e nomes; será sinal de Alzheimer precoce?"; "Minha carreira está chegando ao fim? O que farei quando chegar?"; e por aí afora.
Este tipo de pensamento obsessivo e pavoroso pode me atingir nos momentos mais inesperados - e quem convive comigo provavelmente já deve ter me visto sacudindo subitamente a cabeça como se algo tivesse entrado em meus olhos ou se uma mosca estivesse me perturbando. É um gesto quase involuntário; uma manifestação física do esforço para arremessar aquelas imagens para fora da mente. O curioso - e o indício de como transtornos obsessivo-compulsivos podem se desenvolver - é que funciona: ao menos por alguns instantes, o pensamento se dissipa.
Até retornar com uma imagem ainda mais aterrorizante.
A partir daí, vêm "ideias" brilhantes do tipo "Se eu me matar, não estarei aqui para sofrer caso algo ocorra com alguém que amo" - o que, por sua vez, me obriga a buscar razões contra o suicídio.
Porém, ainda que a frase anterior soe dramática, como se eu estivesse sempre tentando me convencer a não me matar, não há razão para alarme. Não estou prestes a. É um conflito momentâneo; ao contrário do que descrevi no post que linkei mais acima, não me encontro mais num estado psicológico/emocional propenso ao autoextermínio.
Não, o objetivo deste post é duplo: o primeiro, egoísta, é permitir que funcione como um grande sacudir de cabeça, expurgando com mais eficiência as ideias que me fizeram rolar na cama por horas até finalmente desistir de dormir e levantar às cinco da manhã; o segundo é descrever um processo que, estou certo, é comum a muitos companheiros de depressão e, assim, ressaltar mais uma vez que não estão sozinhos.
E lembrar que buscar ajuda profissional é sempre a maneira mais eficaz de enfrentar a doença.
Sigo com os pés firmes no chão. Torço para que vocês também. A luta vale a pena.